Assistência Social

 

Publicado em: 02/03/2010 09:00

Consultor capacita Conselheiros Tutelares


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Consultor capacita Conselheiros Tutelares Consultor capacita Conselheiros Tutelares

 

Consultor capacita Conselheiros Tutelares

 

    Ibiporã sediou no último dia 26, no Cine Teatro Padre José Zanelli, a 1ª Capacitação Estadual \"Aprofundando as Atribuições do Conselho Tutelar\", destinada a Conselheiros Tutelares, assistentes sociais, educadores e profissionais que atuam com o público infanto-juvenil em toda a região. O encontro recebeu grupos de vários municípios do Norte e Norte Pioneiro do Paraná, além do Sul de São Paulo.

   O palestrante foi o consultor em assuntos relacionados a Conselho Tutelar e Direitos da Criança e do Adolescente, Luciano Betiate, de Ibiporã, autor de três livros sobre o assunto. No período da manhã ele falou sobre as formas e a prevenção da violência contra crianças e adolescentes.

   Segundo ele, o descontrole emocional e a cultura da punição física, justificada como forma de se educar, são os fatores que mais levam à violência contra a criança.

   A violência intrafamiliar ocorre de várias formas: violência psicológica ou emocional, violência por descuido, abandono ou negligência, violência física ou sexual, violência doméstica fatal e o trabalho infantil.

   No período da tarde, abordou temas relacionados ao trabalho dos conselheiros tutelares em seus municípios e os caminhos para a solução dos problemas.

   Betiate foi conselheiro tutelar durante dois mandatos e coordenou em Ibiporã até o início deste ano o CREAS (Centro de Referência Especializado da Assistência Social), órgão mantido pela Prefeitura de Ibiporã, que atende, dentre outras demandas, a crianças, adolescentes em situação de risco. Confira a entrevista com o especialista:

 

\'Brasileiro vê a punição física como forma de educar\'

 

- Como está o cenário atual de violência contra a criança no Brasil? Ainda há muitas barbaridades ou as ocorrências têm diminuído em função dos trabalhos dos educadores e conselheiros tutelares?

 

Betiate - A minha percepção é que o índice de violência não mudou muito. O que tem acontecido é que depois do \'caso Isabela\' (a menina que foi lançada da sacada de um apartamento em São Paulo) a mídia tem se preocupado mais em mostrar casos de violência. O que aumentou, a partir dos trabalhos feito pelos Conselhos Tutelares, pelos educadores e profissionais de saúde, é o número de denúncias. Pois desde os primórdios da humanidade isso tem acontecido, em especial contra a criança e o adolescente, que são pessoas em situação de maior vulnerabilidade. Mas o que tem nos deixado satisfeitos é ver que os profissionais de saúde, professores, em especial os da educação infantil têm perdido o medo de denunciar e têm encaminhado os casos em que há suspeita de violência. O que a gente pode perceber é que na televisão há a impressão de que têm aumentado o número de casos de abuso sexual e pedofilia. Mas na verdade, a partir do \'caso Isabela\', a mídia percebeu que é importante falar, para tratar do assunto em forma de alerta, mas também porque dá Ibope. Então, têm os dois aspectos aí: o positivo e o negativo.

 

- A violência na escola ou em casa continuam sendo recorrentes? O educador e o conselheiro tutelar ainda têm muito trabalho pela frente?

 

Betiate - Não quero ser pessimista, mas não vislumbro de imediato uma mudança, visto que o conceito de educação do brasileiro ainda está ligado à violência física. Muitas vezes, ele não vê outra forma de educar, senão pesar a mão. Em outros países isso também ocorre, mas em menor proporção. O Brasil é um dos países em que mais se comete violência física como forma de se educar. O brasileiro vê o tapa, a punição física como formas de corrigir e isso precisa mudar.