Um ano após a Justiça determinar a intervenção do Hospital Cristo Rei por conta da suspeita de desvio de pelo menos R$3 milhões, e a denúncia de oito diretores e cinco funcionários, a saúde financeira do hospital começa a dar os primeiros sinais de recuperação.

A reengenharia financeira conduzida pela atual direção levou a uma redução de custos em todos os setores, dívidas estão sendo quitadas e renegociadas, o número de internamentos aumentou consideravelmente, bem como a qualidade do atendimento à população e reforma em alguns setores do hospital. "Quando assumimos, a dívida do Cristo Rei era superior a R$5 milhões, e um déficit mensal de R$100 mil. Após uma reorganização administrativa e financeira, o apoio dos governos estadual e municipal, e a boa vontade do corpo clínico, houve uma melhora na produtividade e atendimento à população", afirma o interventor do Cristo Rei, o médico Carlos Luís Oporto Castro.

De acordo com Luís Oporto, a formação de uma comissão técnica para reorganizar o atendimento resultou em um aumento expressivo no número de internamentos - cerca de 90%, além do acréscimo de 30% no atendimento de convênios e particulares, sinal que a população está acreditando na instituição e aposta em sua recuperação.

Contudo, aponta o interventor, a situação financeira do Cristo Rei ainda é frágil, visto que 75% das contas do hospital são pagas com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), e os repasses estaduais e federais estão atrasados. "Temos uma ajuda financeira do Governo Estadual, convênio de insumos, no valor de R$185 mil mensais, mas, infelizmente, só recebemos quatro das 12 parcelas prometidas", revela Castro. O convênio tem validade de um ano, podendo ser renovado por igual período. Outra verba também repassada pelo governo estadual, no valor de R$73 mil mensais, via Programa de Apoio e Qualificação de Hospitais Públicos e Filantrópicos do SUS Paraná - HospSUS, não é recebida desde o início do ano. "Boa parte destes recursos é utilizada no pagamento dos honorários médicos. Se não recebermos nos próximos dias a situação ficará muito difícil", adianta o interventor.

A instituição também recebe cerca de R$275 mil mensais provenientes do Governo Federal, via Programa Orçamentário Anual. O repasse varia conforme o cumprimento de metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, relacionadas a consultas, internamentos, cirurgias, atendimento de urgência e emergência, etc. Castro ressalta que praticamente todas as metas estão sendo cumpridas. No entanto, o dinheiro é depositado com até 60 dias de atraso.

Do Governo Municipal, o hospital recebe um repasse mensal de R$166 mil para a prestação dos atendimentos de urgência e emergência. Até janeiro deste ano, a Prefeitura Municipal de Ibiporã repassava R$253 mil mensais, por meio de contrato para prestação dos atendimentos em urgência, emergência, pediatria, ortopedia, cardiologia, ginecologia e obstetrícia. Porém, com a transferência da urgência e emergência para o município, prestado pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h), um novo contrato precisou ser celebrado, sem estes serviços e os repasses referentes. "Quero agradecer à Prefeitura, na pessoa do prefeito José Maria, pelo pagamento em dia do recursoe à colaboração em nossos trabalhos", disse o interventor.

Castro acrescenta que aguarda a liberação de emendas parlamentares já aprovadas no valor de R$1 milhão para compra de material hospitalar e reformas. A direção também está conversando com municípios vizinhos para oferecer clínicas que estas cidades têm dificuldade em atuar, tais como Ortopedia, Cirurgia Geral, Ginecológica, Pediatria e Cardiologia.

Atualmente o Hospital Cristo Rei conta com 183 funcionários e atende em média quatro mil consultas por mês, além de realizar 220 cirurgias eletivas, de urgência e partos. Para isso, a entidade gasta em média R$850 mil, porém arrecada R$750 mil.

Ajuda da população

Além dos repasses governamentais, o Cristo Rei depende do apoio da população para manter os serviços. Um grupo de voluntários é responsável pelo desenvolvimento de atividades e arrecadação de doações, as quais são revertidas em reformas e melhorias para a instituição. O grupo de voluntários "Amigos do Cristo Rei" realiza mensalmente bazar de roupas usadas cuja renda com a venda das peças é revertida para o hospital. Além disso, participam da Feira do Comércio de Ibiporã (Fecom) com a venda de artesanato.

A Comissão de Humanização do hospital lançou recentemente o projeto "Adote", no qual uma empresa se compromete a "adotar" mensalmente insumos utilizados na instituição, tais como copo, papel higiênico, papel toalha, alimentos. Além disso, a direção do hospital voltará a se reunir com os clubes de serviço do município para que se engajem em ações solidárias em benefício do Cristo Rei.

Graças à doação de material, mão-de-obra e dinheiro, o hospital concluiu a reforma de três quartos na Unidade I SUS, iniciar a reforma e pintura do Pronto Socorro e adquirir 30 escadas, 12 suportes de soro e quatro camas novas.

Quem desejar integrar o grupo "Amigos do Cristo Rei" pode procurar por Elaine, no telefone: 3178-1859.