Assistência Social

 

Publicado em: 19/11/2020 15:28 | Fonte/Agência: Caroline Vicentini/NCS/PMI

Prefeitura de Ibiporã implanta abrigo institucional para moradores em situação de rua


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Prefeitura de Ibiporã implanta abrigo institucional  para moradores em situação de rua Ginásio do Jd. Pérola foi adaptado para acolher temporariamente a população em situação de rua

Com o objetivo de ampliar o acolhimento e a proteção social da população em situação de rua, Ibiporã contará até o final do ano com um abrigo institucional. Um imóvel pertencente à Prefeitura Municipal de Ibiporã está sendo reformado para que esteja em condições de atender tecnicamente estas pessoas e auxiliá-las a sair dessa situação. “É uma casa ampla, com seis quartos, banheiros, cozinha, espaço para refeitório e um salão para o desenvolvimento das atividades psicossociais, além de possibilitar privacidade nos atendimentos individualizados”, explica a secretária de Assistência Social, Ireny Sorge.


O recurso para implantação das ações de abordagem e acolhimento aos cidadãos em situação de rua é proveniente do Governo Estadual, por meio do Fundo Estadual de Assistência Social (Feas).

 

Projeto “Mãos que Acolhem”

 

Visando a acolher a população em situação de rua durante a pandemia de Covid-19, a Prefeitura de Ibiporã está desenvolvendo o projeto “Mãos que Acolhem – Acolhimento Provisório de Pessoas em Situação de Rua”. Com a interrupção das atividades e eventos esportivos por conta da pandemia, o ginásio do Jardim Pérola foi adaptado para atender esta população.

 

O serviço começou a ser oferecido em meados de agosto. No abrigo, os moradores em situação de rua têm acesso à hospedagem, alimentação, banho, cuidados de higiene pessoal, lavanderia, avaliação das condições de saúde, testagem para a Covid-19, atendimento psicossocial, oficinas artesanais, inclusão em programas sociais e encaminhamentos, tais como regularização de documentação pessoal, mercado de trabalho e qualificação profissional. O trabalho é desenvolvido em parceria com algumas secretarias municipais e entidades que já realizam algum tipo de atividade com a população de rua.

 

Conforme a Secretaria de Assistência Social, das 25 pessoas que vivem em Ibiporã de maneira fixa, 23 aceitaram ser acolhidas. “A avaliação é muito positiva. Eles estão participando das atividades, respeitam as regras, auxiliam na gestão do espaço e têm um bom convívio. Esta ação articulada entre poder público e sociedade civil coloca à disposição destas pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social uma estrutura que possibilita um acolhimento digno, que ao mesmo tempo atenda as especificações do Ministério da Saúde, permitindo, sobretudo, a preservação da vida”, argumenta Ireny.

 

O assistente social Everton Yukita conta que as atividades domésticas são divididas por brigadas. “Temos a brigada que prepara o café da manhã e da tarde, a responsável por lavar os banheiros, limpeza das áreas comuns. Cada um é responsável por lavar a sua roupa. Para integrá-los ao funcionamento do acolhimento, realizamos de segunda a sexta-feira, no início da tarde, uma “reunião de condomínio”. No início, os via acuados, poucos se manifestavam. Agora, a maioria opina, sugere, os conflitos são resolvidos na base do diálogo. São iniciativas que promovem a participação cidadã, convivência, fortalecimento de vínculos. Não queremos que aqui seja simplesmente um abrigo, mas um espaço que permita o acesso e inserção destes indivíduos nas políticas públicas, estimulando e provocando a sua reflexão enquanto sujeitos de direitos, facilitando a sua participação no processo de superação da condição de rua”, enfatiza Yukita.

 

Recomeço

 

 

Simone Santana da Silva, 32 anos, sabe bem como a vida nas ruas é ruim. Natural de Pirassununga, interior de São Paulo, saiu de casa aos 15 anos e já viveu a experiência de morar nas ruas de várias cidades do Paraná e Santa Catarina. “Já dormi debaixo da ponte, praças, estabelecimentos comerciais, salão de igreja. A rua é sofrida. Passei muito frio, fui roubada, submetida a abusos e covardias”, comenta.

 

Mãe de cinco filhos, Simone relata que a situação piorou nos últimos anos ao ser apresentado ao crack pelo ex-companheiro, que também é alcoólatra. “Já trabalhei, tive minha casa. Mas ele me tirou tudo para sustentar o vício”, conta.

 

Simone, que está há cerca de duas semanas no abrigo, tem sonhos. “Não uso drogas há dois meses. Quero recomeçar minha vida, trabalhar, reconquistar meus filhos. Hoje estou dando entrada na minha carteira de trabalho. Aqui é bom, uma espécie de porto seguro, principalmente agora na pandemia, mas não é para sempre. Gosto muito de carro. Meu sonho é ter um lava rápido”, revela.


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